1 em 4 Adultos Suspeitam que Têm TDAH Não Diagnosticado: O Desafio da Identificação e Tratamento Precoces
A cada vez mais pessoas adultas suspeitam que sofrem de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não diagnosticado, trazendo à tona um debate urgente sobre a falta de diagnósticos e tratamentos adequados. Entenda como o aumento da conscientização está influenciando o diagnóstico tardio e o impacto do TDAH não tratado nas vidas das pessoas. Aprenda sobre as formas de buscar ajuda e como o tratamento adequado pode transformar vidas.
NEUROCIÊNCIAS
Fábio H. M. Micheloto
1/18/20255 min read


Cresce o Número de Adultos Suspeitando de TDAH Não Diagnosticado: Um Desafio de Identificação e Intervenção
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), frequentemente diagnosticado na infância, é uma condição neurobiológica que pode acompanhar o indivíduo por toda a vida, afetando sua capacidade de se concentrar, manter a atenção e controlar impulsos. No entanto, embora seja frequentemente identificado em crianças, muitos adultos apenas percebem os sintomas quando se tornam mais conscientes sobre o impacto da condição em suas próprias vidas ou nas vidas de seus filhos.
Alison Burke é um exemplo disso. Depois que sua filha foi diagnosticada com TDAH, ela começou a perceber que muitos dos sintomas associados ao transtorno eram surpreendentemente familiares. “Quando passei por esse processo e aprendi mais sobre o TDAH, foi definitivamente um momento de ‘eureca’”, disse Burke. Como muitas outras pessoas, ela passou a suspeitar que poderia estar vivendo com a condição sem saber.
De acordo com uma pesquisa nacional recente conduzida pela Universidade Estadual de Ohio, cerca de 25% dos adultos acreditam ter TDAH não diagnosticado. No entanto, apenas 13% dessas pessoas compartilham suas suspeitas com um médico, o que aponta para uma tendência alarmante de autodiagnóstico sem acompanhamento médico especializado.
O Impacto do Autodiagnóstico e o Risco de Tratamentos Ineficazes
A crescente autopercepção de que adultos podem ter TDAH não diagnosticado está levantando preocupações entre os profissionais de saúde. Psicólogos como Justin Barterian, professor assistente de Psiquiatria e Saúde Comportamental da Ohio State, alertam para os riscos desse autodiagnóstico. De acordo com ele, problemas como ansiedade, depressão e TDAH podem ter sintomas semelhantes, e o uso de tratamentos inadequados pode não só não ajudar, mas agravar o quadro do paciente.
“Ansiedade, depressão e TDAH – todos esses problemas podem ter características semelhantes. O tratamento incorreto pode piorar a situação ao invés de ajudar no bem-estar e no funcionamento da pessoa”, explicou Barterian. Com isso, é crucial que qualquer pessoa que suspeite de TDAH procure avaliação médica adequada, evitando recorrer a métodos não testados ou soluções que circulam, muitas vezes sem base científica, nas mídias sociais ou fóruns online.
Desafios no Diagnóstico do TDAH em Adultos: A Percepção Tardia da Condição
Em torno de 4,4% dos adultos, entre 18 e 44 anos, têm TDAH, segundo Barterian. Muitos, no entanto, não são diagnosticados até atingirem a vida adulta, com a condição frequentemente mascarada por outras dificuldades emocionais e comportamentais, como estresse e questões de autoestima. Barterian observou que, com o aumento da conscientização sobre o TDAH na infância, mais pessoas adultas têm começado a identificar sintomas em si mesmas à medida que seus filhos também são diagnosticados, já que o transtorno tem uma base genética.
Este fenômeno de adultos procurando por um diagnóstico tardio também se reflete na pesquisa da Universidade de Ohio, onde adultos mais jovens estão mais inclinados a reconhecer os sintomas de TDAH em si mesmos e buscar ajuda. A pesquisa encontrou que os adultos mais velhos são menos propensos a compartilhar suas suspeitas, o que pode ser devido à falta de conscientização ou à crença errada de que o transtorno só afeta crianças.
Importância do Diagnóstico Profissional e Intervenção Precoce
Embora os profissionais de saúde reconheçam o aumento da conscientização sobre o transtorno, eles também ressaltam a importância de realizar um diagnóstico profissional antes de iniciar qualquer tratamento. De acordo com Barterian, quando alguém reconhece sintomas de TDAH em si mesmo, especialmente ao assistir vídeos ou ouvir depoimentos sobre o transtorno, é vital procurar a ajuda de um médico, psicólogo ou psiquiatra. Esses profissionais são capacitados para fazer uma avaliação completa, considerando os sintomas apresentados, a história de vida do paciente e o impacto do transtorno em suas atividades diárias.
“Se você acha que pode ter TDAH, seria recomendável buscar uma avaliação com um psicólogo, psiquiatra ou um médico. Somente um profissional pode fornecer um diagnóstico adequado e definir o melhor tratamento para o caso”, afirmou Barterian. A intervenção precoce não só pode melhorar a qualidade de vida, mas também diminuir o risco de complicações mais graves, como problemas de saúde mental, dificuldades nos relacionamentos e baixo desempenho no trabalho ou nos estudos.
Sintomas de TDAH em Adultos: O Impacto no Cotidiano
Os sintomas do TDAH em adultos podem variar consideravelmente entre os indivíduos. Porém, os desafios principais incluem dificuldade de concentração, problemas de organização, impulsividade e hiperatividade. Para muitas pessoas, esses sintomas causam dificuldades contínuas tanto em ambientes profissionais quanto pessoais, com efeitos prejudiciais ao desempenho no trabalho, nas interações sociais e nas atividades diárias.
Barterian destaca que, enquanto algumas pessoas com TDAH têm problemas de atenção durante reuniões ou no trabalho, outras podem ter dificuldades mais evidentes em manter a organização de sua vida cotidiana. Alguns indivíduos apresentam problemas em manter o foco durante as conversas, enquanto outros podem ser mais impulsivos, agindo de forma abrupta em situações sociais ou profissionais, sem considerar as consequências.
“Os sintomas podem ser diferentes de uma pessoa para outra. Algumas podem ter dificuldade em se concentrar durante palestras ou em se organizar, enquanto outras enfrentam maiores dificuldades sociais devido à impulsividade e à falta de atenção nas conversas”, disse Barterian.
No caso de Alison Burke, que passou por uma avaliação e foi diagnosticada com TDAH, os médicos prescreveram medicamentos para o tratamento, além de coaching e sessões de aconselhamento. Essas intervenções ajudaram Burke a compreender melhor sua condição e a encontrar ferramentas para melhorar seu desempenho e bem-estar em sua vida pessoal e profissional.
“Agora, posso navegar pelas situações do dia a dia e saber exatamente o que preciso para ser mais bem-sucedida em todas as áreas da minha vida”, disse Burke, explicando como os tratamentos permitiram a ela finalmente obter o foco necessário para alcançar seus objetivos.
Tratamento do TDAH: Uma Abordagem Personalizada
O tratamento do TDAH em adultos envolve uma abordagem personalizada que pode incluir medicamentos estimulantes, psicoterapia ou uma combinação de ambos. O principal objetivo do tratamento é reduzir os sintomas, melhorar a qualidade de vida e ajudar o indivíduo a desenvolver estratégias eficazes para lidar com os desafios diários.
Os medicamentos para o tratamento do TDAH, como os estimulantes (por exemplo, metilfenidato e anfetamina), são comumente usados para ajudar a aumentar a concentração e reduzir os comportamentos impulsivos. No entanto, a psicoterapia, especialmente o coaching, pode ser essencial para ensinar os pacientes a organizar suas vidas e estabelecer rotinas mais eficazes.
Para pessoas como Burke, o tratamento não apenas permitiu o alívio dos sintomas, mas também possibilitou o aumento da autoestima e da produtividade. O acesso a intervenções adequadas é crucial para minimizar os impactos negativos do transtorno e capacitar os indivíduos a atingir seu pleno potencial.
Conclusão: O Caminho para um Diagnóstico e Tratamento Eficaz do TDAH em Adultos
A conscientização sobre o TDAH em adultos está crescendo, mas é fundamental que essa conscientização se traduza em diagnósticos precisos e tratamento adequado. Com base na experiência de pessoas como Alison Burke e nos dados da pesquisa da Universidade Estadual de Ohio, fica claro que um número crescente de adultos está começando a identificar sinais do transtorno em si mesmos. No entanto, é fundamental que esses indivíduos procurem a orientação de um profissional de saúde para garantir que o diagnóstico seja correto e que o tratamento seja direcionado de forma eficaz às suas necessidades.
Com a ajuda de um médico, psicólogo ou psiquiatra, é possível obter uma avaliação precisa, entender o impacto do TDAH na vida cotidiana e iniciar um tratamento que permita o desenvolvimento de uma vida mais equilibrada e bem-sucedida.
Fonte: https://www.drugs.com/news/1-4-u-s-adults-suspect-they-have-undiagnosed-adhd-121824.html