A Revolução da Testosterona deLonga Duração: Redução de Peso, Melhora na Saúde Cardiovascular e Longevidade em Homens com Hipogonadismo
Um estudo de 11 anos revela como o tratamento com testosterona em homens com deficiência hormonal impacta o peso, a saúde metabólica e reduz os riscos cardiovasculares. Descubra como a reposição de testosterona pode influenciar a longevidade e qualidade de vida em homens com hipogonadismo.
Fábio H. M. Micheloto
10/29/20245 min read


Terapia com Testosterona: A Transformação Metabólica e Cardiovascular para Homens com Hipogonadismo
A obesidade e o sobrepeso vêm crescendo globalmente e se associam a uma série de complicações para a saúde. Entre elas, o hipogonadismo, uma condição caracterizada pela baixa produção de testosterona, afeta diretamente a saúde e a qualidade de vida dos homens. Na busca por soluções para esse quadro, a terapia de reposição de testosterona (TRT) se apresenta como uma alternativa que, segundo novos estudos, pode ir além do simples controle de sintomas, promovendo melhorias significativas em fatores metabólicos e cardiovasculares.
Contexto: A Relação entre Obesidade, Hipogonadismo e Testosterona
A obesidade é considerada uma doença crônica que requer intervenções de longo prazo. Quando combinada ao hipogonadismo, a condição se torna ainda mais desafiadora, pois níveis reduzidos de testosterona agravam problemas como o aumento do peso e o desequilíbrio metabólico. A terapia de reposição de testosterona surgiu inicialmente como uma opção para corrigir o déficit hormonal, mas os estudos mais recentes indicam que seus efeitos vão além, promovendo benefícios significativos no metabolismo e na saúde cardiovascular.
Objetivo do Estudo: Entender os Impactos da TRT de Longo Prazo
Uma pesquisa recente acompanhou 823 homens com hipogonadismo por um período de 11 anos. Estes homens, com idade média de 60 anos, foram divididos em grupos com peso normal, sobrepeso e obesidade. Dentro desta amostra, 428 receberam injeções de undecanoato de testosterona regularmente, enquanto 395 permaneceram sem tratamento. Ao longo do estudo, foram monitoradas várias métricas, incluindo peso, circunferência da cintura, índice de massa corporal (IMC), glicemia em jejum e perfis lipídicos. Este acompanhamento longitudinal permitiu avaliar os efeitos da TRT em uma população diversificada e em condições reais.
Métodos e Avaliações Realizadas
Para avaliar o impacto da terapia de reposição de testosterona, foram analisados parâmetros antropométricos (como peso, circunferência da cintura e IMC) e metabólicos (como glicemia de jejum, HbA1c e perfil lipídico) em homens com diferentes classificações de peso. As medições eram realizadas pelo menos duas vezes ao ano e os resultados foram ajustados para fatores que pudessem confundir a análise, garantindo maior precisão nos dados.
Resultados: Impactos da Terapia com Testosterona na Saúde Física e Metabólica
Os resultados revelaram mudanças significativas nos homens tratados com testosterona em comparação aos que não receberam a terapia. Em resumo, a terapia de reposição de testosterona promoveu melhorias nas seguintes áreas:
Redução de Peso e Circunferência da Cintura: Nos homens que receberam terapia de reposição de testosterona, observou-se uma diminuição progressiva do peso e da circunferência da cintura, independente da classificação de peso inicial. Esses efeitos foram mais acentuados ao longo dos anos, sugerindo que o tratamento hormonal contribui para a redução do tecido adiposo e a manutenção de um peso mais saudável.
Melhora no Controle da Glicemia e HbA1c: A glicemia em jejum e os níveis de HbA1c (indicador de controle glicêmico) foram significativamente reduzidos nos homens tratados. Isso aponta para um benefício metabólico importante, pois o controle dos níveis de açúcar no sangue está intimamente relacionado ao risco de diabetes tipo 2, uma condição que afeta muitos homens com obesidade.
Perfil Lipídico Melhorado: Outra descoberta importante foi a melhora no perfil lipídico dos participantes. Homens que receberam terapia de reposição de testosterona apresentaram reduções nos níveis de colesterol LDL (considerado o colesterol “ruim”) e aumento nos níveis de HDL (o colesterol “bom”), o que representa uma melhora na saúde cardiovascular geral.
Redução na Pressão Arterial: Tanto a pressão arterial sistólica quanto a diastólica apresentaram reduções significativas ao longo do estudo entre os homens que receberam TRT. Esse efeito foi observado em todas as classificações de peso e sugere que a testosterona pode desempenhar um papel benéfico na regulação da pressão arterial.
Redução na Mortalidade e Incidência de Eventos Cardiovasculares
Os dados mais impactantes vieram da análise de mortalidade e eventos cardiovasculares. No grupo que não recebeu terapia de reposição de testosterona, houve 77 óbitos, enquanto no grupo tratado ocorreram apenas 23 óbitos, uma diferença marcante que aponta para a possível influência da terapia de reposição de testosterona na longevidade dos pacientes. Além disso, a incidência de eventos cardiovasculares graves, como infartos e acidentes vasculares cerebrais, foi significativamente menor nos homens tratados, indicando que a terapia pode oferecer uma proteção adicional contra doenças cardíacas.
Análise dos Efeitos de Longo Prazo da TRT
O estudo ressalta a importância de considerar a terapia de reposição de testosterona como uma terapia de longo prazo em homens com hipogonadismo. Os benefícios progressivos e sustentáveis observados, como a perda de peso, melhora na composição corporal e redução nos riscos cardiovasculares, indicam que a terapia de reposição de testosterona vai além da simples reposição hormonal. Os dados reforçam que a terapia de reposição de testosterona pode desempenhar um papel crucial na melhoria da qualidade de vida e na prevenção de complicações associadas à obesidade e ao hipogonadismo.
Considerações e Implicações Clínicas
Esses achados sugerem que a terapia de reposição de testosterona pode ser uma opção eficaz para tratar homens com hipogonadismo, sobrepeso e obesidade, fornecendo benefícios substanciais além da simples regulação dos níveis hormonais. Porém, é importante considerar que a terapia de reposição de testosterona deve ser cuidadosamente monitorada por um profissional de saúde, especialmente em homens com condições de saúde complexas, para assegurar que os benefícios superem os possíveis riscos.
Conclusão: A TRT e o Futuro do Tratamento do Hipogonadismo
Os resultados deste estudo reforçam o potencial da terapia de reposição de testosterona não só para restaurar os níveis hormonais, mas para atuar em uma série de parâmetros que afetam diretamente a saúde e a longevidade. Com base nesses achados, a terapia de reposição de testosterona se mostra como uma terapia promissora para homens com hipogonadismo e diferentes classificações de peso, promovendo melhorias no peso, no metabolismo e na saúde cardiovascular. Além disso, os dados apontam para uma redução na mortalidade e nos eventos cardiovasculares, o que pode mudar a abordagem de muitos profissionais de saúde para o tratamento da deficiência de testosterona.
No entanto, a implementação da terapia de reposição de testosterona como terapia de longo prazo deve ser feita com cautela e supervisão médica, garantindo que cada paciente receba um tratamento personalizado, que leve em conta suas condições e necessidades individuais. Assim, a terapia de reposição de testosterona pode ser integrada de forma eficaz no tratamento do hipogonadismo, com foco não apenas na reposição hormonal, mas na promoção de uma saúde integral e sustentável para homens em diferentes fases da vida.
Fonte: https://www.nature.com/articles/s41366-019-0517-7?fromPaywallRec=false