Acesso a áreas verdes pode reduzir o tempo de tela de crianças

Áreas verdes podem ser a chave para reduzir o tempo de tela de crianças. Descubra como parques e natureza impactam a saúde mental e física, promovendo hábitos saudáveis e combatendo desigualdades. Saiba mais agora!

NEUROCIÊNCIASEDUCAÇÃO

Fábio H. M. Micheloto

1/18/20253 min read

Acesso a áreas verdes pode reduzir o tempo de tela de crianças

Quer ajudar seus filhos a passarem menos tempo em frente às telas? A chave pode estar na proximidade de parques e áreas verdes, locais que oferecem uma alternativa saudável e recreativa para os jovens.

Áreas verdes como solução para o excesso de tempo de tela

Um estudo recente publicado na revista Health & Place destacou a importância do acesso a áreas verdes como uma maneira eficaz de reduzir o tempo de tela de crianças e adolescentes. O tempo de tela é definido como o período gasto assistindo televisão, jogando videogames ou usando o computador fora de atividades escolares.

Segundo Ian-Marshall Lang, principal autor do estudo e pesquisador da School of Kinesiology da Universidade de Michigan, áreas verdes no bairro atraem as crianças para fora de casa, oferecendo um espaço onde podem se engajar em atividades físicas e recreativas em vez de ficarem nas telas.

O impacto desigual do acesso às áreas verdes

O estudo foi inspirado por pesquisas anteriores que evidenciaram como o acesso a espaços verdes varia significativamente entre grupos raciais e étnicos. Dados nacionais mostram que comunidades com maiores populações hispânicas e negras têm menor disponibilidade de espaços verdes, o que pode influenciar diretamente no sucesso de programas destinados a reduzir o uso de telas.

De fato, as regiões com mais parques e áreas naturais tendem a ver maior eficácia em iniciativas para reduzir o tempo de tela entre crianças. Por outro lado, bairros com menos áreas verdes enfrentam dificuldades para implementar programas que promovam atividades longe das telas, independentemente de quão robustos ou intensos esses programas sejam.

Sedentarismo e desigualdades raciais no tempo de tela

Atualmente, muitas crianças e adolescentes nos Estados Unidos passam mais de duas horas diárias em frente às telas, excedendo a recomendação dos especialistas. Pesquisas indicam que esse comportamento aumenta significativamente o risco de obesidade infantil, além de estabelecer hábitos sedentários que podem persistir na vida adulta.

Os dados também apontam disparidades raciais nesse aspecto: crianças negras e hispânicas são mais propensas a exceder os limites diários de tempo de tela recomendados. Segundo Lang:

"Essas desigualdades no acesso a áreas verdes podem explicar por que programas comunitários para reduzir o uso de telas são menos eficazes em diferentes grupos raciais."

Para combater essas diferenças, soluções devem criar ambientes mais equitativos, justos e saudáveis para todas as comunidades.

Os desafios das comunidades sem áreas verdes

O estudo concluiu que simplesmente intensificar programas de redução de tempo de tela não resolve o problema em bairros que não oferecem infraestrutura adequada para atividades ao ar livre. Em contextos onde áreas verdes são escassas, outras estratégias não conseguem compensar a ausência de locais para brincadeiras externas.

Esse problema tem raízes profundas. Segundo dados citados pelos autores, décadas de racismo sistêmico nos Estados Unidos contribuíram para que comunidades de cor tenham consistentemente menos acesso a parques e vegetação urbana.

Essa falta de acesso não só impacta o tempo de tela, mas também priva as crianças de benefícios comprovados do contato com a natureza, como alívio do estresse e melhorias na saúde mental.

A importância de políticas públicas equitativas

Lang reforçou a necessidade de iniciativas políticas que promovam investimentos igualitários em áreas verdes, ressaltando programas como o 10-Minute Walk Program. Essa iniciativa propõe que todos os moradores urbanos dos Estados Unidos tenham acesso a um parque de qualidade a uma caminhada de no máximo 10 minutos de suas casas.

Ele conclui:

"Nosso trabalho oferece uma base científica para que organizações e gestores públicos invistam em espaços verdes de forma equitativa, promovendo a saúde das crianças e combatendo desigualdades históricas."

Benefícios da natureza para o desenvolvimento infantil

Diversos estudos destacam que crianças que passam mais tempo na natureza experimentam níveis mais baixos de estresse, além de desenvolverem maior criatividade e resiliência emocional. Esses fatores são essenciais para um crescimento saudável e equilibrado.

Embora reduzir o tempo de tela seja uma preocupação crescente, especialmente em um mundo cada vez mais digital, é igualmente importante criar ambientes que incentivem hábitos saudáveis e a interação com a natureza desde cedo.

Conclusão: repensando o ambiente urbano para o bem-estar infantil

A falta de áreas verdes é um desafio crítico que influencia diretamente o comportamento das crianças e sua saúde futura. Para reverter essa situação, governos, comunidades e organizações precisam agir de forma colaborativa para tornar os bairros mais verdes e acessíveis.

Oferecer acesso equitativo a espaços naturais não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma maneira comprovada de melhorar a qualidade de vida e reduzir os impactos negativos do sedentarismo nas gerações mais jovens.

Fonte: University of Michigan, press release, Jan. 6, 2025