Nunca é Tarde Demais: Os Benefícios de Parar de Fumar, Mesmo Após os 65 Anos

Um estudo inovador destaca os benefícios de parar de fumar em qualquer idade, inclusive após os 65 anos. Entenda como o abandono do cigarro pode adicionar anos à sua vida e melhore sua qualidade de vida com dados baseados em ciência.

TOXICOLOGIA

Fábio H. M. Micheloto

11/24/20244 min read

Nunca é Tarde Demais: Os Benefícios de Parar de Fumar, Mesmo Após os 65 Anos

Descubra Por Que Nunca É Tarde para Parar de Fumar: Um Estudo Revelador

Introdução
O impacto do tabagismo na expectativa de vida é inegável, e abandonar o cigarro pode trazer benefícios significativos à saúde. Um estudo recente, conduzido em 2023, revisitou os efeitos do tabagismo e da cessação do hábito em diferentes faixas etárias, destacando algo surpreendente: mesmo pessoas acima dos 65 anos podem ganhar anos preciosos ao abandonar o cigarro.

Essa descoberta contraria a ideia de que, para idosos, o dano já estaria feito. Neste artigo, vamos explorar os resultados do estudo, métodos utilizados, implicações práticas e por que essa informação pode ser decisiva para ajudar mais pessoas a largar o cigarro.

Como o Estudo Foi Conduzido

Os pesquisadores analisaram dados de diversas fontes confiáveis, incluindo:

  • Taxas de mortalidade derivadas do Cancer Prevention Study II.

  • Informações sobre prevalência de fumantes da pesquisa National Health Interview Survey de 2018.

  • Dados do censo e taxas de mortalidade dos EUA em 2018.

Com base nesses dados, foram criadas tabelas de expectativa de vida considerando três cenários: pessoas que nunca fumaram, fumantes ativos e ex-fumantes. Comparações também foram realizadas entre quem abandonou o cigarro em diferentes idades, de 35 a 75 anos.

Além disso, o estudo calculou as probabilidades de anos perdidos devido ao tabagismo e de anos ganhos com a cessação.

Principais Descobertas

Os resultados foram claros: parar de fumar em qualquer idade traz benefícios. No entanto, o impacto é maior quanto mais cedo o hábito é abandonado.

1. Expectativa de vida em comparação a quem nunca fumou
Fumantes que mantiveram o hábito durante toda a vida perdem, em média:

  • 9,1 anos se continuarem fumando aos 35 anos.

  • 5,9 anos aos 65 anos.

  • 4,4 anos aos 75 anos.

Mesmo assim, aqueles que pararam de fumar em idades avançadas ainda apresentaram ganhos significativos:

  • Aos 65 anos: 1,7 anos adicionais de expectativa de vida.

  • Aos 75 anos: 0,7 ano adicional.

Esses números representam aumentos de 11,3% e 7,5%, respectivamente, em relação aos fumantes da mesma idade que continuam fumando.

2. Comparação entre fumantes ativos e ex-fumantes
Para quem abandonou o cigarro, a expectativa de vida ainda é inferior à de quem nunca fumou. Contudo, a diferença diminui consideravelmente:

  • Aos 35 anos: 1,2 ano de vida perdido.

  • Aos 65 anos: 4,2 anos de vida perdido.

Esses números demonstram que, quanto mais cedo ocorre a cessação, maior o benefício em relação aos danos acumulados pelo tabagismo.

3. Jovens e adultos têm mais a ganhar
Os dados mostram que jovens adultos obtêm os maiores benefícios ao parar de fumar. Aos 35 anos, cerca de 52,8% daqueles que abandonam o cigarro ganham pelo menos 1 ano extra de vida, e 36% ganham 8 anos ou mais.

Mesmo assim, os resultados para idosos são igualmente motivadores. Entre pessoas de 65 anos, 23,4% ganham pelo menos 1 ano adicional de vida ao abandonar o cigarro, apesar dos danos acumulados ao longo dos anos.

Contextualização Com Estudos Anteriores

Este estudo confirmou achados anteriores e ampliou a compreensão ao incluir dados mais recentes e a análise de pessoas com mais de 65 anos. Comparações com pesquisas como a de Taylor et al. (2002) e Jha et al. (2012) indicam consistência nos resultados, mas também diferenças importantes:

  • Enquanto Taylor et al. relataram ganhos de até 8,5 anos ao parar de fumar aos 35 anos, este estudo identificou um ganho médio de 8,0 anos.

  • Já Jha et al. relataram ganhos de 4 anos ao abandonar o cigarro entre 55 e 64 anos, enquanto este estudo estimou ganhos menores, de 2,6 anos.

Essas discrepâncias podem ser atribuídas a diferenças nos métodos de análise, bem como às variações nas taxas de mortalidade ao longo do tempo.

Por Que os Idosos Devem Considerar Parar de Fumar

Um dado significativo do estudo é a inclusão de mais de 5 milhões de fumantes com 65 anos ou mais nos EUA, segundo o levantamento mais recente. A pesquisa mostrou que, mesmo para essa faixa etária, os benefícios de abandonar o cigarro são reais.

Além do ganho direto na expectativa de vida, parar de fumar reduz drasticamente o risco de doenças relacionadas ao tabagismo, como:

  • Doenças cardiovasculares.

  • Câncer de pulmão.

  • Doenças respiratórias crônicas.

Limitações do Estudo

Embora robusto, o estudo apresenta algumas limitações:

  1. Dados de 2018: Embora recentes, podem não refletir alterações recentes nos comportamentos e políticas antitabagistas.

  2. Riscos relativos (RRs): Utilizou-se dados de mortalidade geral, o que pode superestimar os danos do tabagismo, mas isso é compensado pelo uso de dados consolidados.

Ainda assim, as conclusões permanecem válidas e altamente relevantes para a população atual.

Implicações para Políticas de Saúde

Os resultados reforçam a importância de estratégias de cessação do tabagismo direcionadas para todas as idades, especialmente idosos. Programas de saúde pública e campanhas antitabagistas devem incluir mensagens específicas para essa faixa etária, destacando os ganhos potenciais de qualidade e anos de vida.

Além disso, médicos podem usar esses dados para convencer pacientes mais velhos a abandonar o cigarro, desmistificando a ideia de que é "tarde demais".

Conclusão

Parar de fumar nunca é tarde demais. Este estudo não apenas reafirma os benefícios da cessação do tabagismo, mas também expande o conhecimento ao incluir idosos, uma faixa etária muitas vezes negligenciada em estudos anteriores.

Seja você um jovem adulto ou alguém com mais de 65 anos, abandonar o cigarro pode ser a melhor decisão para melhorar sua saúde e prolongar sua vida. Procure ajuda médica, informe-se sobre programas de cessação e dê o primeiro passo para uma vida mais longa e saudável.

Fonte: https://www.ajpmonline.org/article/S0749-3797(24)00217-4/fulltext