O que é um biofármaco?

Biofármacos vem revolucionado o tratamento de diversas condições de saúde. Nesta matéria, vamos explorar o mundo destas ferramentas para o tratamento de condições de saúde.

EDUCAÇÃO

Fábio H. M. Micheloto

9/20/20244 min read

O que é um Biofármaco?

Biofármacos são medicamentos produzidos a partir de organismos vivos ou derivados deles, como proteínas, anticorpos monoclonais, hormônios e vacinas. Diferente dos fármacos tradicionais, que são desenvolvidos por meio de síntese química, os biofármacos são produzidos através de processos biotecnológicos avançados, envolvendo células vivas como bactérias, leveduras ou culturas de células de mamíferos.

Eles atuam diretamente em alvos biológicos, como proteínas específicas ou células do sistema imunológico, tornando-os eficazes no tratamento de doenças complexas e crônicas, como câncer, diabetes, doenças autoimunes e doenças inflamatórias.

Utilizações dos Biofármacos

Os biofármacos são usados para tratar uma variedade de condições médicas, especialmente aquelas para as quais os tratamentos tradicionais são menos eficazes. As principais áreas de aplicação incluem:

Oncologia: Medicamentos biológicos como anticorpos monoclonais são usados para tratar certos tipos de câncer, como o linfoma e o câncer de mama.

Doenças autoimunes: Biofármacos são amplamente utilizados no tratamento de doenças autoimunes, como artrite reumatoide, psoríase e doença de Crohn, por meio de imunomodulação.

Doenças inflamatórias: Medicamentos biológicos, como os inibidores de TNF-α (ex. infliximabe e adalimumabe), são eficazes no controle de inflamações crônicas.

Endocrinologia: A insulina recombinante e os hormônios de crescimento sintéticos são exemplos de biofármacos utilizados para o controle de diabetes e problemas de crescimento.

Vacinas: Vacinas modernas, como as de RNA mensageiro (ex. vacinas contra COVID-19), são biofármacos inovadores que têm se mostrado altamente eficazes na imunização de populações.

Vantagens dos Biofármacos

Alta Especificidade: Biofármacos são desenvolvidos para interagir diretamente com alvos biológicos específicos, o que aumenta a eficácia e reduz o impacto em outras partes do organismo.

Tratamento de Doenças Complexas: Eles são eficazes no tratamento de doenças que envolvem processos biológicos complexos, como o câncer e doenças autoimunes, que muitas vezes não respondem bem a medicamentos tradicionais.

Personalização do Tratamento: A biotecnologia permite o desenvolvimento de tratamentos mais personalizados, ajustando as terapias de acordo com as características biológicas do paciente.

Menor Risco de Resistência: No caso de antibióticos ou imunoterapias, biofármacos tendem a ter menos problemas de resistência bacteriana ou viral comparado aos medicamentos tradicionais.

Desvantagens dos Biofármacos

Alto Custo: O processo de pesquisa, desenvolvimento e produção dos biofármacos é caro e complexo, o que se reflete no custo elevado para o consumidor e os sistemas de saúde.

Instabilidade Molecular: Os biofármacos são moléculas grandes e complexas, muitas vezes sensíveis a condições de temperatura e manuseio inadequado, o que pode afetar sua eficácia.

Administração Complicada: Muitos biofármacos precisam ser administrados por injeções subcutâneas ou intravenosas, o que pode ser desconfortável e requerer supervisão médica, ao contrário de medicamentos orais.

Risco de Reações Imunológicas: Como são proteínas de origem biológica, podem desencadear reações imunológicas no paciente, como alergias ou desenvolvimento de anticorpos neutralizantes que reduzem a eficácia do tratamento.

Aqui estão exemplos de biofármacos:

Oncologia: Trastuzumabe (Herceptin)

Indicação: Câncer de mama HER2-positivo.

Mecanismo de ação: É um anticorpo monoclonal que se liga ao receptor HER2 nas células tumorais, inibindo seu crescimento e promovendo a destruição celular.

Doenças Autoimunes

Exemplo: Adalimumabe (Humira)

Indicação: Artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, espondilite anquilosante.

Mecanismo de ação: Inibe o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), uma proteína pró-inflamatória envolvida no desenvolvimento das doenças autoimunes.

Doenças Inflamatórias: Infliximabe (Remicade)

Indicação: Doença de Crohn, colite ulcerativa, artrite reumatoide, espondilite anquilosante.

Mecanismo de ação: Bloqueia o TNF-α, reduzindo a inflamação crônica associada a essas doenças.

Endocrinologia: Insulina Glargina (Lantus)

Indicação: Diabetes mellitus tipo 1 e tipo 2.

Mecanismo de ação: Insulina de longa duração que ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue em pacientes diabéticos.

Endocrinologia: Somatropina (Genotropin)

Indicação: Deficiência do hormônio de crescimento em crianças e adultos.

Mecanismo de ação: Hormônio de crescimento recombinante usado para estimular o crescimento e regular o metabolismo.

Vacinas: Vacina de mRNA (Comirnaty - Pfizer/BioNTech)

Indicação: Prevenção da COVID-19.

Mecanismo de ação: Contém RNA mensageiro que codifica a proteína spike do SARS-CoV-2, induzindo uma resposta imunológica sem a presença do vírus completo.

Esses exemplos ilustram a ampla aplicabilidade dos biofármacos em diferentes áreas da medicina, com cada um sendo desenvolvido para tratar condições específicas de maneira eficaz e personalizada.

Conclusão

Os biofármacos representam uma revolução no tratamento de doenças complexas e crônicas, trazendo avanços significativos na medicina moderna. Apesar de seu alto custo e desafios na produção e administração, suas vantagens, como a alta especificidade e eficácia em doenças difíceis de tratar, tornam-nos uma ferramenta valiosa no arsenal terapêutico. À medida que a biotecnologia avança, espera-se que os biofármacos se tornem cada vez mais acessíveis e eficazes.